sexta-feira, 20 de março de 2009

Eu me amo!

Além dos pais e dos familiares, o professor também é um agente fundamental no despertar da autoestima das crianças. Por Mônica Krausz

A construção da autoestima começa dentro de casa e a partir do retorno que a criança tem das pessoas que convivem com ela. De acordo com Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), a família e o professor precisam estar atentos principalmente na fase entre três a sete anos, quando a criança está formando sua personalidade. “Se a criança fica sempre exposta a situações de insucesso, se não é valorizada pelo que faz, se ninguém destaca os seus erros, ela não sabe por onde seguir”, exemplifica. Para Quézia, são os sinais que a criança recebe que a fazem perceber que está indo pelo caminho certo. É claro que os pais e professores devem fazer correções e apontar os erros, mas nunca esquecendo de mostrar também os acertos. “Se o professor e a família só destacam o que ela faz de errado, que imagem ela construirá de si mesma? Que é um poço de coisas erradas. Por isso o elogio é muito importante”, explica.

Segurança na escola
Para Quézia, o período de adaptação escolar também é relevante na formação da autoestima. A criança precisa sentir que não está sendo abandonada pela mãe em um local estranho. “Talvez a mãe precise ficar na escola por algumas horas durante dias até que a criança se sinta segura. Não deve haver competição entre a mãe e o professor nesse momento”, ressalta.
Além disso, a psicopedagoga lembra que quando a criança entra na escola, ela passa a buscar referências em outro grupo. Por isso, nesse momento, o professor tem o papel de mostrar a ela como se apropriar das experiências daquele grupo chamando-a para as atividades, promovendo o encontro com os novos colegas, ressaltando como é divertido brincar com os amigos e garantindo que não fique em posição de submissão diante das crianças que já estavam na escola.

Conforto + atenção = amor
A criança só vai gostar de estar na escola se perceber que as pessoas que a rodeiam se preocupam com o seu conforto, por isso o professor deve estar atento para promover o alívio de possíveis ansiedades, aflições e desconfortos que ela possa sentir. A criança que sempre é confortada em casa associa essa atenção ao carinho e amor que sentem por ela e quando se sente amada, passa a se amar também e é capaz de amar os outros. Então, segundo Quézia, a probabilidade de ela ter atitudes positivas na escola aumenta muito. Porém, a psicopedagoga lembra que alguns professores tem a tendência de dar mais atenção aos “melhores” alunos, fazendo com que aqueles que não “acertam” tanto tentem chamar a atenção com atitudes negativas. “A indiferença do professor é muito dolorida para o aluno”, afirma.

Sinais de baixa autoestima
- Indisciplina (“Se eu não consigo chamar a atenção com algo positivo, eu vou chamar com algo negativo”);
- Distanciamento do grupo;
- Falta de participação nas atividades propostas;
- Submissão contínua ao grupo (a criança que dá tudo o que é seu para os colegas, que compra doces para os amigos diariamente, que aceita papéis secundários nas brincadeiras, etc.).

Dicas
- Procure mostrar por meio da atenção, de elogios e do afeto o quanto cada criança é importante no grupo;
- Demonstre confiança no potencial da criança, dando responsabilidades a ela, deixando que ela tome pequenas decisões;
- Diga sempre o que você quer que a criança faça, não o que NÃO quer que ela faça;
- Premie as atitudes positivas, por exemplo, com recadinhos de incentivo na agenda;
- Lembre-se de que todo aluno tem algo de bom a oferecer e mostre a eles suas qualidades;
- Não faça alarde dos erros dos seus alunos. Faça criticas de forma reservada e discreta:
- Evite rotular seus alunos positiva ou negativamente, pois ninguém é sempre bom ou mau;
- Esteja atento à baixa autoestima que vem de casa (crianças que se sentem abandonadas ou rejeitadas, crianças que se sentem culpadas pela separação dos pais, etc.) e reforce atitudes que elevem a autoestima;
- Incentive trocas de papéis nas atividades em grupo, por exemplo, não deixe que a mesma criança seja sempre a gandula no jogo de futebol.

Dica de livro
- O Despertar da Auto-estima – De 0 a 6 anos, de Danielle Laporte (Editora Paulus).

Fonte: Revista Guia Prático para Professores de Educação Infantil, Editora Lua, Março 2009.

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